Atendendo a uma antiga demanda do cluster aeroespacial, o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) de São José dos Campos oferece um novo curso para formação profissional de jovens que desejam trabalhar em indústrias do setor. A primeira turma, com 48 vagas, inicia as aulas em agosto de 2021.
O programa completo terá duração de dois anos, sendo o primeiro para formação de Mecânico de Usinagens Especiais, e o segundo para formação de Mecânico de Usinagem Aeroespacial. A admissão para o segundo ano dependerá do desempenho e aproveitamento dos alunos na primeira etapa do programa de formação.
O curso oferecido pelo Senai foi construído com apoio do INVOZ, do Cluster Aeroespacial e de empresários do setor, que participaram na construção dos conteúdos e indicação das tecnologias necessárias para uma formação alinhada às necessidades das indústrias.
“A educação, principalmente de jovens, é um dos propósitos do INVOZ e a cultura aeroespacial está no nosso DNA, então a parceria com o Senai para qualificar jovens com especialização para atuar no setor aeroespacial é considerado por nós um projeto transformador”, disse Neide Pereira Pinto, presidente do INVOZ.
Ela ressalta como outro fator importante nesta parceria, a integração da instituição de ensino com a indústria para a definição do programa dos cursos. “Juntos avaliaram a necessidade do setor e criaram soluções para a formação de profissionais de altíssimo nível.”
Requisitos para inscrição
Poderão se candidatar a uma vaga do novo curso do Senai estudantes com ensino fundamental completo, que tenham no mínimo 14 anos e, no máximo, idade que lhe permita concluir o curso antes de completar 24 anos. O processo seletivo ocorrerá por meio da análise do histórico escolar.
O período de inscrição está sendo definido pelo Senai e será divulgado brevemente. As datas serão divulgadas no site da escola e nas redes sociais do Senai de São José dos Campos.
O mesmo curso será oferecido pelas unidades do Senai em Campinas e em Botucatu, a partir de 2022.
O diretor do Senai de São José, Mauricio Ogawa, afirma que os jovens sairão do curso aptos para atuar na construção de peças com geometrias complexas e materiais especiais.
“Esse será um marco histórico na formação profissional para a indústria aeroespacial. A falta de mão de obra específica é hoje um dos entraves para expansão do setor, que acreditamos melhorar a partir de agora, com uma oferta perene e atualizada”, disse Ogawa. Já para os jovens, ressalta ele, “é uma grande oportunidade de se inserir no mercado de trabalho em um dos setores mais promissores da usinagem”.
Conteúdo
No primeiro ano do programa, serão oito horas de aula por dia, totalizando 1.600 horas. Nesta etapa, os alunos terão aulas de matemática e ciências aplicadas à usinagem; sistema de gestão e qualidade; desenho técnico mecânico; desenho técnico 3D; controle dimensional; tecnologia da usinagem; máquinas convencionais e operações manuais; usinagem em máquinas a CNC; manutenção e fluidos; manufatura assistida por computador; comunicação em multimeios, e desenvolvimento pessoal e profissional.
O conteúdo do curso Mecânico de Usinagem Aeroespacial, segundo ano do programa de formação, ainda será formatado.
Jovem Aprendiz
De acordo com o diretor do Senai, as empresas do setor aeroespacial podem contribuir com a formação dos estudantes ingressantes contratando-os como aprendizes. Pela legislação atual, o Jovem Aprendiz tem direito a uma bolsa auxílio, carteira assinada, recolhimento do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), férias e 13º salário.
“Historicamente, esse é um fator preponderante na redução da evasão escolar e motivação desses alunos. Com mais de 100 empresas do setor na região, há a possibilidade de que todos os alunos façam parte de uma destas. E, por outro lado, a empresa garante um profissional de alta qualidade, além de ajudar a cumprir a cota obrigatória de aprendizes prevista em lei’, disse Ogawa.
Apoio
O INVOZ, ao lado de representantes de empresas do setor, trabalhou no mapeamento das necessidades da indústria aeroespacial e ajudou a formatar o curso ao lado da equipe do Senai. Os trabalhos tiveram ainda o respaldo do diretor de Relações Externas do Senai, Roberto Spada.
Por mais de um ano, o conselheiro do INVOZ Mauro Ferreira, sócio fundador da Globo Usinagem, empresa que atende o mercado aeroespacial, atuou no grupo de trabalho que resultou na criação do curso.
“Estou muito feliz por essa conquista. Existe uma demanda muito grande de profissionais qualificados no setor aeroespacial, que agora será atendida. Esse curso também vai dar aos jovens da nossa região a possibilidade de conhecer o setor aeronáutico e de ter uma profissão que realmente pode abrir muitas portas”, disse Mauro.