Aeromodelismo: a desafiadora conquista de espaços femininos no esporte

Conhecido pela montagem e pelo voo de aviões em miniatura, o aeromodelismo é fortemente marcado pela presença masculina. Contudo, mesmo que as heranças do patriarcado continuem presentes no cotidiano das mulheres, a luta pela igualdade de gênero tem contribuído para que elas conquistem progressivamente espaços e se destaquem no esporte.

Rafaela Paffaro e seus aeromodelos, o avião Hangar Extra 260 e o helicóptero Raptor 50.

A discrepância de participantes femininas em relação aos masculinos nas disputas e nos clubes é evidente. Competidora e aeromodelista, Rafaela Regina Paffaro, 35, afirma que é comum chegar à pista com o pai e a irmã, que pilota helicóptero, e os organizadores acharem que o piloto é seu progenitor – sempre chocados com a resposta. Ela acredita que se sentiria mais motivada se houvesse um incentivo para as mulheres no esporte/hobby e que as encorajaria a persistir.

Há 7 anos, a COBRA (Confederação Brasileira de Aeromodelismo) iniciou a campanha “1o BRA para mulheres”, que consiste no primeiro ano do documento na confederação totalmente gratuito, visando a inserção de mais figuras femininas no esporte/hobby. O BRA (Licença Operacional) exige que a aeromodelista esteja associada a um clube homologado. Seu cadastro é dividido entre os voos de Circuito Controlado (VCC) e de Controle Remoto (RC).

Voz nacional

Amanda Benedet e Jackson Marques, atrás do modelo Inverza62, da Hangar 9.

A COBRA acredita que a legalização dos clubes e dos aeromodelistas pode trazer uma voz nacional mais forte, uma vez que a regularização dos associados e dos clubes facilitaria no cuidado e no apoio dos praticantes, para que não precisem permanecer irregulares no esporte e nem resolver seus problemas isoladamente, assim como organizar e motivar mais pessoas, especialmente as mulheres.

Aeromodelista, Amanda Benedet, 27, está treinando com um simulador para poder colocar em prática na pista. Ela conta que já está tendo um primeiro contato, mas na função de caller, auxiliando o piloto − desde a partida do avião, a execução das manobras até o pouso. A iniciante acredita que as mulheres têm potencial para aprender por mais que o público seja predominantemente masculino, mas que falta incentivo, além de campanhas, como o “1º BRA para mulheres”, e que muitas vezes são motivadas por alguém da família, cônjuge ou amigos.

Desta forma a presença de mulheres nas pistas podem motivar ainda mais àquelas que tenham simpatia com o esporte e sentem vontade de se tornarem aeromodelistas. “Esta iniciativa da COBRA é muito importante para estimular e despertar o interesse de outras mulheres”, ressalta Benedet.

Alto-custo

A empresária Cláudia Ferreira de Lima, 50, acredita que a dominação masculina no ramo é consequência do alto custo para adquirir os modelos e da dificuldade para aprender a voar, que acaba beneficiando mais os homens. Os aeromodelos em sua maioria são importados e pré-montados, necessitando da colocação do motor e da eletrônica. Isso implica diretamente nos valores altos, que podem variar de R$ 1500 a R$ 70 mil, dependendo da aeronave.

Cláudia Ferreira e seu Calmato rosa, modelo Asa Baixa.

Ela conta que, desde criança, admira os aviões no céu. Depois de ser convidada por um amigo para ir a uma aula de aeromodelismo, esse encantamento passou ao status de paixão. Contudo, o curso tomava muito de seu tempo e, sem condições para arcar com as manutenções, ela decidiu que aprenderia a fazer pequenos reparos e aperfeiçoaria sozinha seus conhecimentos. Enquanto aprimorava as experiências, atraiu a atenção de amigos que sabiam de seus reparos e que precisavam de conserto para seus aeromodelos.

Para a competidora Rafaela, o equipamento requer muito investimento e, por ser frágil, desanima os que estão aprendendo a pilotar. Sem contar que, devido ao rígido regramento com relação à segurança, existem os gastos da locomoção para as pistas que ficam em lugares afastados das cidades – algo que não pode ser dispensado já que os iniciantes precisam ser orientados por instrutores habilitados.

Rafaela mora na rota do aeroporto de Viracopos, em Campinas. Diante disso, a presença de aviões sempre foi muito forte em sua na vida. Desde pequena, ela e a irmã aprenderam com o pai a admirar o céu. Depois de acompanhá-lo nas aulas de aeromodelismo com o professor Trajano D’Andrea, em Limeira, se tornou inegável seu amor por aviões e helicópteros.

Mercado atual

Aeromodelos Buppo Lótus Prince Aircraft e 40 Pegasus Red Bull 10 Prince Aircraft.

O mercado atual conta com uma infinidade de aeromodelos para satisfazer a todos que almejam pilotar. A princípio eles são divididos entre modelos de propulsão (motor elétrico, planadores, gasolina e, um dos mais utilizados, glow) e de avião (treinador e a jato – este último exige mais experiência). Os materiais das aeronaves podem variar entre madeira balsa, fibra de carbono e sanduíche de madeira e fibras.

Os modelos mais simples estão na faixa de R$ 1.400 a R$ 1.500, sendo vendida somente a carcaça. A parte do motor e da eletrônica são comercializadas separadamente, como é caso dos aviões Buppo Lótus e Pegasus 40. O rádio controle também é adquirido à parte, para que o aeromodelista compre o que melhor satisfizer sua necessidade. Os valores podem ultrapassar mil reais – o que encarece ainda mais o preço final para a aquisição de um aeromodelo.

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