A vida do inventor mineiro Santos Dumont é notória e conhecida mundialmente. Mas há facetas de sua personalidade e genialidade que ainda podem ser exploradas. E até virem à tona em obras de ficção, baseadas em seus feitos reais. Além disso, por ter sido um personagem tão fascinante, nunca é demais revisitar seu passado. Fãs dessa trajetória poderão se deliciar com “Santos Dumont”, que estreia no dia 10 de novembro, às 21h, na HBO, em toda a América Latina. A superprodução terá seis episódios.
“Uma figura de relevância histórica como Santos Dumont merece ser representada de forma autêntica, por isso decidimos mostrar o ‘pai da aviação’ que poucos conhecem. É um momento oportuno para recuperar a história desse homem, que é amplamente mencionado, mas de quem pouco se conhece a intimidade e outras invenções além do 14-Bis”, diz Roberto Rios, vice-presidente corporativo de Produções Originais da HBO Latin America e produtor da minissérie, em entrevista exclusiva para a Agência Estado. Segundo ele, a minissérie é “uma oportunidade de levar o pioneirismo desse genial inventor para o conhecimento de diferentes gerações no Brasil e ao redor do mundo. Apostamos também na beleza das imagens com detalhes e na reconstrução minuciosa daquela época”.
A produção, que faz referências à França e ao Brasil do fim do século 19 e início do século 20, acompanha os passos do aviador desde a infância nos cafezais de sua família, no interior de Minas Gerais e de São Paulo (onde a família se fixou), até os sofisticados salões e aeroclubes de Paris, onde Alberto Santos Dumont fez seu famoso e histórico voo no 14-Bis, em 1906. “Santos Dumont merecia estar em cores na televisão e seus feitos, como os espetaculares voos do 14-Bis e de dirigíveis passeando por Paris, precisavam ser recriados”, complementa Rios.
João Pedro Zappa – do filme ‘Gabriel e a Montanha’ (2017) – interpreta o inventor nascido na cidade de Palmira – que hoje leva o nome de Santos Dumont -, no interior de Minas Gerais, na fase adulta. “Eu me surpreendi com tudo o que aprendi sobre a sua vida. Consultei algumas biografias, pesquisei, fiz anotações e destaquei partes importantes, às quais eu recorria frequentemente, mesmo durante as filmagens. Li também os dois livros escritos pelo próprio Alberto e nos quais ele narra os processos de suas invenções mais contundentes”, revela o ator que dá vida ao inventor, em entrevista à Agência Estado. “Foi ótimo poder ler o que ele mesmo escreveu e, com isso, tentar compreender um pouco mais de sua personalidade, suas opiniões, seu raciocínio. A minissérie é um mergulho profundo e respeitoso no rico universo de um dos maiores inventores da história. Portanto, acredito que essa é uma boa oportunidade para o grande público conhecer verdadeiramente e a fundo a trajetória deste ícone, seus fantasmas e suas glórias”, afirma Zappa, que explicou que são três os atores que interpretam o personagem.
Rio como cenário
João dá corpo e voz a Santos Dumont dos 16 até os 41 anos. Para o papel, teve de aprender francês em poucos meses, “pois a maior parte das falas do personagem, nas fases em que o interpreto é em francês. Ele viveu em Paris por muitos anos e desenvolveu seu trabalho lá. Esse foi um desafio de verdade para mim”. Estevão Ciavatta e Fernando Acquarone, diretores da atração, contam à Agência Estado que foram usados mais de dez livros para ajudar a compor os roteiros dos episódios. No entanto, ressaltam que “não existe muita informação sobre a vida pessoal de Santos Dumont, então nosso principal desafio foi construir uma narrativa dramática que unisse os fatos históricos”. Segundo eles, foram usadas como locações as cidades do Rio de Janeiro e de Petrópolis, no estado do Rio; e São Carlos, no interior de São Paulo.
O Rio empresta à série as imagens da Quinta da Boa Vista, do Arsenal de Marinha e do Palácio das Laranjeiras, entre outros lugares. Em Petrópolis, foram filmadas cenas na Câmara Municipal da cidade e no Castelo Country Club, enquanto em São Carlos as tomadas aconteceram na Fazenda do Pinhal e no Aeródromo Dr. José Augusto de Arruda Botelho. “Além dos feitos, queríamos mostrar o processo criativo na intimidade de Santos Dumont e as questões pouco conhecidas de sua vida particular, como o acidente do pai, a morte da mãe e a depressão crônica que o acometeu nos últimos anos de vida. Nós, produtores, roteiristas e diretores, não tínhamos o objetivo de encontrar algum segredo bem guardado ou desconhecido dele. A redescoberta de um personagem com a inteligência e a sensibilidade que ele tinha foi o que orientou a pesquisa e a produção desta belíssima minissérie”, conclui Rios.