Ozires Silva participa de uma live especial do Dia do Aviador

Fundador da Embraer, terceira maior fabrica de aviões do mundo, Ozires Silva chega aos 90 anos

Ozires Silva, fundador da terceira maior empresa de aviação do mundo, a brasileira Embraer; ex-ministro de Infraestrutura e Comunicações (1990/1991) e ex-presidente da Petrobras, completa 90 anos de vida no dia 8 de janeiro. Ozires nasceu em Bauru, no Centro-Oeste paulista, a 326 quilômetros da capital. O aniversário será comemorado em sua casa, com familiares, em São Paulo, seguindo os protocolos de prevencão à COVID-19.

“Você já imaginou um jovem de 13 anos planejando o futuro?  Nós fizemos isto, mas por uma razão qualquer paramos o planejamento nos anos 2000. Talvez porque eu achasse que talvez não estaria vivo”, afirma Ozires Silva enquanto ri. Com 53 prêmios e condecorações nacionais e internacionais em 15 países, ele chega aos 90 anos ativo e conectado, participando de lives e de olho no futuro.

Ozires é presidente de honra do Conselho de Administração do INVOZ, organização não-governamental que trabalha com educação, empreendedorismo e cultura aeronáutica, em São José dos Campos (SP), a 81 quilômetros da capital. Em São Paulo, onde vive hoje, é presidente do Conselho Estratégico da Ânima Educação, Chanceler da Universidade São Judas e Patrono dos cursos de Engenharia e Aviação do Ecossistema Ânima.

Trajetória

“Ozires faz parte da Santíssima Trindade da Aeronáutica brasileira, juntamente com Santos Dumont e o brigadeiro Casimiro Montenegro Filho, criador do ITA, afirma Decio Fischetti, autor de sua biografia. A jornada deste homem de 90 anos começou com muitas inquietações, ainda no Ginásio do Estado, escola pública que frequentou em Bauru, no Centro-Oeste de São Paulo.

Em um ambiente onde a ferrovia e a pista do aeroclube da cidade ampliaram horizontes, sua curiosidade o transformou em uma pessoa determinada. As perguntas que fazia a si próprio e aos outros moldaram sua personalidade: “Por que o Brasil não fabrica aviões? Como seria possível construí-los aqui”?

“Eu ia a pé para o ginásio e, na vitrine de uma loja, o dono colocou uma placa que dizia: aqueles que não pararam avançaram tanto que jamais poderão ser alcançados. Olha, eu acho que fiquei 15 minutos lendo aquela placa”, diz quanto cita uma “atmosfera de mudanças” que havia naquele momento.

De família humilde, Ozires descobriu a carreira militar por acaso, como um caminho para realizar suas ideias. Ingressou na Força Aérea Brasileira, realizando as provas em São Paulo para o curso de piloto militar da Escola de Aeronáutica.

A aprovação o levou para a formação no Rio de Janeiro, em 1948. Em dezembro de 1951, formou-se piloto militar com a patente de Aspirante a Oficial Aviador. Mudou-se para Belém (PA), trabalhou na Amazônia, casou, teve o seu primeiro filho. Alguns anos mais tarde, seguiu para o Rio de Janeiro, já como Oficial Aviador.

Àquela época, trabalhou no recém-criado Correio Aéreo Nacional. Foi uma coincidência que o levou a conhecer o que acontecia em São José dos Campos (SP), onde funcionava o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).

Ele foi convidado, às duas da madrugada, para uma viagem de recheque em um voo como instrutor. O pedido foi feito pelo major Antenor Gustavo Coelho, que precisava renovar o seu cartão de IFR (Instrument Flight Roles). Durante o voo, Ozires perguntou tudo o que podia sobre o ITA, onde Coelho estudava.

“Estava acontecendo algo comigo que tornaria possível materializar sonhos desde os meus anos de juventude em Bauru”, escreveria mais tarde. Um ano depois, o jovem oficial ingressou no ITA onde se formou em Engenharia Aeronáutica em 1962. Foi o responsável pela equipe que construiu o avião Bandeirante.

Criação da Embraer

Liderou, em 1969, o grupo que promoveu a criação da Embraer, nascida como estatal. Junto com sua equipe iniciou a fabricação de aviões no Brasil, influenciando toda uma geração. Decio Fischetti, autor de sua biografia, afirma que Ozires faz parte da “santíssima trindade” da aeronáutica brasileira, ao lado de Santos Dumont e do Marechal Casimiro Montenegro Filho, que criou o ITA.

Ozires foi presidente da empresa até 1986, quando assumiu a liderança da Petrobras, estatal que comandou até 1989. Em 1990, assumiu o Ministério da Infraestrutura. Voltou à Embraer, em 1991, para conduzir a privatização da empresa que aconteceu três anos depois. No início deste século, foi presidente da Varig, uma das maiores companhias de aviação do Brasil.

Também deu importantes contribuições na área de saúde. Em 2003, criou a Pele Nova Biotecnologia em Ribeirão Preto (SP). A iniciativa foi resultado do trabalho na Academia Brasileira de Estudos Avançados da qual participou. A empresa fazia pesquisa, desenvolvimento e produção de tecnologias na área de regeneração e engenharia tecidual. Na área de educação, foi reitor da Unimonte, comprada mais tarde pela Ânima Educação, que administra também a Universidade São Judas Tadeu. A partir de 2018, passou a atuar como Chanceler da universidade e presidente do Conselho Estratégico da Ânima Educação, Chanceler da Universidade São Judas e Patrono dos cursos de Engenharia e Aviação do Ecossistema Ânima.

Homenagens

Mais recentemente, em 2018, viu o Instituto Técnico de Aeronáutica (ITA), onde se formou, inaugurar uma estátua em sua homenagem. Recebeu várias condecorações internacionais. Entre elas estão – nos Estados Unidos – Medalha Charles Lindbergh, Membro do Transportation Center da Northwestern University, incluído no Hall of Fame da Smithsonian Institution e, também, no Hall of Fame da Caltech, e no World Trade Hall of Fame da World Trade Association de Los Angeles.

Na Grã-Bretanha, é Membro do British Council, Membro Honorário Air Squadron e Membro da Royal Aeronautical Society. Na Irlanda, tem Título de Doutor “Honoris Causa” pela Queen’s University. Já na Suécia, é Membro da Real Academia Sueca de Engenharia

 

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