Construção da aeronáutica brasileira: do pioneirismo à consolidação mundial

A criação, na década de 1950, do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e, posteriormente, do CTA (Centro Técnico de Aeronáutica) possibilitou, no Brasil, as primeiras construções de aeronaves. Ambas as organizações, fundadas pelo Coronel Casimiro Montenegro Filho, foram fundamentais para preparar a mão de obra especializada para gerar novas tecnologias. O ITA nasceu porque, segundo o seu criador, “antes de produzirmos aviões, precisamos produzir engenheiros”. Com isso, o instituto formaria profissionais que atuariam com pesquisas e desenvolvimentos no CTA. 

 Nos primórdios da construção da aeronáutica brasileira, os engenheiros e pilotos de ensaio não contavam com os potentes computadores para realização de cálculos e simulações de voo dos projetos criados, muito menos com informações, hoje, retiradas dos túneis de ventos. Eles não tinham nem sequer artigos de segurança como, por exemplo, um capacete. 

 O Major Brigadeiro Hugo de Oliveira Piva – conhecido como Brigadeiro Piva e um dos primeiros pilotos de ensaio em voo do Brasil – conta que, com a ausência dessas tecnologias, o que movia o grupo era a vontade, a garra e a coragem de fazer acontecer. Aliado a essas características, existia o patriotismo, ou seja, todos queriam construir um projeto brasileiro. “Tudo era realizado na tentativa e erro, já que não era possível prever o comportamento do avião. Tínhamos que entrar lá e descobrir o que precisava ser feito, tomar decisões até mesmo durante a decolagem”, diz. 

 Ainda segundo Brigadeiro Piva, a industrialização dos projetos também era uma tarefa difícil, pois não havia mão de obra especializada. Por esses motivos, ele ressalta a importância da aprendizagem, da ciência e das novas tecnologias na indústria aeronáutica. “Tem que ter ensino, pesquisa e, depois, o parque industrial para aplicar esses mecanismos”, afirma. 

 Projetos Convertiplano e Beija-flor 

 Desenvolvido no CTA, em São José dos Campos, sob a liderança do projetista alemão Henrich Focke, o Convertiplano foi um dos programas mais ousados na década de 1950. Consistia em uma aeronave que decolaria na vertical, como os helicópteros, e voaria na horizontal, como um avião. O projeto não obteve o sucesso esperado e foi extinguido no ano de 1955. Porém, muitos conceitos utilizados nele possibilitaram a construção das primeiras aeronaves brasileiras, como o Bandeirante e o Beija-flor. 

 O Beija-flor foi o primeiro helicóptero projetado no Brasil. Seu ensaio de voo foi mais complicado do que o de um avião, porque, quando ele decolava, demonstrava instabilidade em todas as direções. “Era mais do que desafiador. Nós amarrávamos com cordas e víamos se ele ia para algum lado, mas, depois disso, tínhamos que soltá-las para seguir o voo”, conta Brigadeiro Piva, que fez parte do teste. Contudo, por não possuir ambições comerciais, foi determinado que o projeto seria construído apenas como protótipo experimental, destinado a angariar conhecimentos para a construção de aeronaves mais avançadas no futuro. 

Inspirações para seguir 

 Em meados de 1990, a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) – hoje a terceira maior fabricante de jatos comerciais no mundo – ainda enfrentava dificuldades por conta da crise econômica e política no país. Contudo, com a volta do presidente e cofundador, Coronel Ozires Silva, à companhia, ficou definida a retomada do jato regional ERJ-145 – avião que reergueu a empresa no fim da década. A decisão rendeu bons frutos, pois, com o crescimento do tráfego aéreo mundial, havia demandas por aviões maiores e a um custo melhor. Em serviço há mais de 20 anos, a aeronave brasileira é um importante ativo na aviação comercial. 

Segundo o vice-presidente de Engenharia da Embraer, Luís Carlos Affonso, muito do espírito dos pioneiros da aviação brasileira ainda estão está presentes na empresa. “A paixão, a garra das pessoas que trabalham conosco ainda são muito fortes. Eu considero esse DNA um tremendo diferencial competitivo nos dias de hoje”, afirma. 

Encontro entre gerações 

 Um encontro entre duas gerações da aeronáutica ocorreu na live “Do Bandeirante ao KC-390”, realizada pelo INVOZ, no início de abril, no canal da associação no YouTube. A transmissão, comandada pelo diretor de Cultura da associação, Rui Gonçalves, contou com a presença do Brigadeiro Piva e deo Luís Carlos Affonso. Durante o encontro, os participantes dialogaram sobre os avanços da aviação brasileira. 

Brigadeiro Piva expôs suas visões como um dos pioneiros da aviação no país, que ajudaram a geração de Affonso a prosseguir no avanço das tecnologias e a consolidar uma companhia brasileira no mercado mundial de aviação, a Embraer. O vice-presidente também convidou o amigo para pilotar, no simulador de voo, o novo projeto da empresa: o e-Vetol – um veículo elétrico voador, que foi pensado para melhorar a mobilidade urbana nos grandes centros. 

 

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