Com o tema “Novos Tempos”, o Congresso de Aviação Agrícola do Brasil, realizado pelo Sindag (Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola), com apoio do Ibravag (Instituto Brasileiro da Aviação Agrícola), voltou a ser presencial, após dois anos com eventos apenas virtuais. A última edição aconteceu em Sertãozinho (SP), entre os dias 19 e 21 de julho, e contou com mais de 4 mil inscritos – número recorde de participação. Ao todo, o pavilhão do Centro de Eventos Zanini recebeu 120 estandes e 170 marcas, com sete aeronaves expostas e 14 drones.
O Congresso AvAg deste ano comemorou, ainda, os 31 anos de fundação do Sindag e os 75 anos da aviação agrícola brasileira, que, hoje, tem a segunda maior frota do mundo. São quase 2.500 aeronaves utilizadas para aplicação de defensivos, fertilizantes e semeadura. Além das exposições, o evento contou com a inauguração de uma pista aeroagrícola próxima ao pavilhão e o jantar da Aviação Agrícola.
Um dos principais aviões agrícolas é o EMB 200 Ipanema, que foi projetado pela Embraer para pulverizar plantações e fez seu primeiro voo em 1970. Atualmente é produzido em Botucatu e, segundo o site Botucatu Online, já acumula cerca de 1.500 unidades entregues. O nome do avião faz referência a Fazenda Ipanema, em Sorocaba, onde funcionava o núcleo de pesquisas agrárias do Estado de São Paulo. O modelo EMB202-A do Ipanema foi certificado em 2004 para operar com Etanol.
Programação enriquecedora
O diretor Operacional do Sindag, Cláudio Oliveira, destacou a programação enriquecedora como um dos diferenciais do Congresso AvAg 2022. “Todos os dias, tivemos painéis e debates com palestrantes renomados na Arena Clóvis Candiota, que era o espaço principal de apresentações. Os visitantes puderam participar das exibições das pesquisas que concorreram aos prêmios do Congresso Científico da Aviação Agrícola, do lançamento do Programa Boas Práticas Aeroagrícolas e outros destaques sobre inovação”, explicou.
Oliveira ainda comentou sobre a formatura da turma de MBA em Gestão, Inovação e Sustentabilidade Agrícola, uma parceria entre o SINDAG e a faculdade IMED, de Passo Fundo – RS, que foi realizada durante o evento. “Esse curso representa uma nova página na capacidade de gestão e crescimento sustentável do setor aeroagrícola no país, além de refletir de maneira ampla o esforço de melhoria empregado nos últimos anos pelas entidades aeroagrícolas, somando-se a diversas outras iniciativas, principalmente no foco da sustentabilidade”, disse o diretor do Sindag.
A importância do Congresso AvAg
O Congresso AvAg é considerado um dos eventos mais importantes do calendário aeroagrícola no Brasil e no mundo. O evento reúne os profissionais que atuam nas mais diferentes áreas do setor, como empresários, pilotos, pesquisadores, autoridades e outros especialistas, a fim de trocar informações e conhecimentos.
“Uma característica importante é que, além da programação oficial, com debates, palestras e demonstrações, várias reuniões paralelas são realizadas para acelerar discussões e tomadas de decisões. Por exemplo, dúvidas ou definições sobre temas relativos à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), ao Ministério da Agricultura e a outros órgãos acabam tendo resposta mais rápida, pois seus responsáveis diretos estão no evento”, comentou Cláudio Oliveira.
Sobre a escolha do local para a edição deste ano, o diretor Operacional do Sindag explicou que a cidade de Sertãozinho se tornou propícia para a realização do Congresso AvAg por ser capaz de atender às principais exigências dos organizadores.
“Estrutura hoteleira que comporte as equipes dos expositores e os visitantes, proximidade a um aeroporto com linhas aéreas em número suficiente para a demanda de seu público, boa rede de serviços de apoio, como segurança, alimentação e outros, e o mais importante, um pavilhão que comporte o evento, inclusive com possibilidade de mostra de aeronaves, além da proximidade de Ribeirão Preto, onde está o aeroporto e a rede hoteleira complementar”, concluiu.
Debates sobre pulverização
Durante o Congresso ocorreram várias palestras relacionadas ao setor aeroagrícola, como a pulverização, legislação, boas práticas e novos equipamentos. Além disso, estiveram presentes representantes de diversos países com expositores para apresentar as novidades do mercado em manutenção, equipamentos de pulverização, DGPS e demais sistemas relacionados.
Ricardo Velludo Morandini, 52, piloto de uma usina de açúcar e álcool, trabalha na área aeroagrícola desde 1998, e participou do Congresso AvAg. Ele explicou que, para os profissionais atuais, a maior dificuldade tem sido as proibições da pulverização. “Além dos riscos inerentes à profissão, hoje, temos projetos de leis que proíbem a pulverização aérea. A aviação agrícola tem legislação própria e é fiscalizada por diferentes órgãos e secretarias estaduais de Agricultura e Meio Ambiente”, disse.
O profissional comentou que não são todas as fazendas e áreas que podem receber a pulverização, pois, segundo a legislação brasileira, existem restrições de distância para aplicação do produto, onde haja habitações, rios e áreas de proteção ambiental. Se o local possuir alguma dessas limitações, pode não estar apto para receber a aplicação de produtos desse modo.
De acordo com o piloto, para que ocorra a pulverização em uma fazenda, é necessário passar por uma avaliação prévia. “Após levantamento de pragas ou condição da lavoura por um engenheiro agrônomo, este produz um receituário agronômico, encaminhando-o, junto com o mapa da área, a uma empresa prestadora de serviços de pulverização. O agrônomo da empresa segue até o local e produz o planejamento operacional, onde coloca as recomendações do agrônomo da fazenda, os obstáculos e pontos sensíveis próximos da área a ser aplicada, qual pista deverá ser utilizada e qual equipamento deverá ser usado na aeronave”, explicou.
Com essas informações, a equipe formada pelo piloto, técnico agrícola executor e auxiliar se deslocam até a pista. “O piloto e o técnico se dirigem até a área a ser aplicada para verificar as informações constantes do planejamento. Após isto, piloto e auxiliar aguardam o consentimento do técnico, que acompanha a aplicação na área, sempre observando as condições de temperatura, umidade e vento. Quando qualquer dos parâmetros atinge o limite, a aplicação é suspensa”, finalizou Morandini.