Aos 52 anos, celebrados no dia 19 de agosto, a Embraer é uma companhia em transformação. A terceira maior fabricante de aviões do mundo busca novos mercados e negócios, com produtos inovadores e sustentáveis, em um mundo pós-pandêmico.
A empresa foi tema de reportagem do jornal O Vale neste domingo (22). Leia aqui a reportagem completa.
O início da década de 20 deste século marca a maior crise na aviação mundial e uma das mais graves a atingir a Embraer, terceira maior fabricante de aviões.
A empresa reportou lucro líquido de R$ 212,8 milhões no segundo trimestre de 2021 após três anos registrando prejuízos trimestrais. A entrega de aviões aumentou 81% no período, com 156% de alta na aviação comercial.
Nas palavras do presidente e CEO, Francisco Gomes Neto, é o início da recuperação visando a busca pela plenitude da empresa a partir de 2022. O executivo não economiza no otimismo: “A partir de 2022, pretendemos captar o desempenho pleno da Embraer. Temos capacidade de dobrar o tamanho da empresa”.
Fatores
De acordo com a reportagem, o bom cenário se deve a dois fatores antagônicos e que quase acabaram com a Embraer.
O primeiro era o celebrado acordo comercial com a Boeing, que compraria 80% da Embraer. Classificado pela direção da Embraer como estratégico para enfrentar a concorrência, que se avolumava, o acordo naufragou deixando prejuízo financeiro e dor de cabeça administrativa.
Quase ao mesmo tempo, a pandemia do coronavírus colapsou a aviação mundial e ameaçou as principais fabricantes. A Boeing precisou ser socorrida pelo governo.
A Embraer precisou ir ao mercado buscar empréstimos e hoje tem um endividamento bastante considerável, que a empresa considera administrável ao longo do tempo.
Porém, em razão de atuar fortemente na aviação regional, mercado que lidera há anos, a retomada tem sido mais acentuada para a companhia brasileira do que para as concorrentes, que sentiram o golpe.
Aviões comerciais previstos por países como Japão, China e Rússia, que ameaçavam o portfólio da Embraer, praticamente estacionaram em seus projetos e não fazem a mesma sombra de antes.
O jornal O Vale ressalta ainda que a Embraer não teve cancelamento de encomendas por conta da pandemia e, agora, celebra o retorno forte das campanhas de venda.
“Globalmente, temos 94% da frota da Embraer de volta voando e 97% nos Estados Unidos, o que demonstra a recuperação do mercado doméstico. Temos trabalhado em muitas campanhas de venda nesse segmento, para tirar proveito desse momento, para E2 e E1”, disse Gomes Neto.
Consolidação
Crítico do acordo com a Boeing, o professor Marcos Barbieri, coordenador do Laboratório de Estudos das Indústrias Aeroespaciais e de Defesa da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), disse que a Embraer começa a sair da crise da pandemia melhor do que as outras e mais rápido do que se esperava.
“Embraer coroa trajetória de expansão e de consolidação como uma das grandes empresas líderes do mundo. Trajetória de capacitação tecnológica, administrativa e comercial.”
Para Barbieri, a Embraer superou o negócio com a Boeing e a pandemia de maneira “muito rápida” e com “total capacidade para andar sozinha”. “É a maior empresa de alta tecnologia do Brasil.”
Inovação
O impulso das vendas permite à Embraer manter o propósito de buscar novos produtos e mercados inovadores onde atuará num futuro próximo, como o da mobilidade urbana.
Luís Carlos Affonso, vice-presidente de Engenharia da Embraer, confirmou que a Embraer projeta um novo avião turboélice de alta tecnologia, de 70 a 90 assentos, e um avião de transporte para a Força Aérea Brasileira, com configuração elétrica híbrida e uso duplo, militar e civil. Além do Evtol, o táxi elétrico voador criado para a mobilidade urbana.