A Embraer planeja dobrar de tamanho no médio prazo e estabeleceu metas ambiciosas em ESG (sigla em inglês para políticas ambientais, sociais e de governança), entre elas, zerar as emissões de carbono até 2040. A empresa retomou a divulgação de projeções de desempenho anual, junto com a publicação de um balanço positivo, após sofrer com a crise da covid-19 e com a desistência da Boeing de comprar sua divisão de aviões comerciais.
A informação foi publicada no Valor Econômico. Leia aqui a reportagem completa.
Em anúncio público na última sexta-feira (13), o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, disse que o conjunto de resultados do segundo trimestre confirma a boa execução do planejamento estratégico, com foco e disciplina corretos.
Segundo ele, será possível duplicar o faturamento no médio prazo, na esteira da normalização das entregas na aviação comercial, maior volume de entregas de jatos executivos e expansão dos contratos em Serviços e Suporte.
“Este é um ano de recuperação. A partir do ano que vem, o plano é capturar o potencial integral da Embraer de crescer com rentabilidade”, disse o executivo. Para 2021, a companhia estima entregas de 135 a 145 jatos comerciais e executivos, frente a um total de 130 aviões no ano passado, quando as linhas aéreas foram duramente atingidas pelas medidas de combate à covid-19.
Projeções
A receita líquida no ano deve ficar entre US$ 4 bilhões a US$ 4,5 bilhões, com crescimento de um dígito baixo na comparação do ponto médio do intervalo com o registrado em 2020.
De acordo com a reportagem, a empresa espera que as margens, negativas no ano passado, sejam positivas este ano. A companhia prevê margem Ebit ajustada de 3% a 4% e margem Ebitda ajustada de 8,5% a 9,5%. Já o fluxo de caixa livre deve ficar entre US$ 150 milhões negativos e zero, ante uso de caixa de R$ 995 milhões no primeiro semestre.
Segundo o vice-presidente financeiro e de relações com investidores da companhia, Antonio Carlos Garcia, o segundo trimestre foi o melhor período em vendas desde meados de 2019, fornecendo a confiança de que as projeções serão atingidas.
Com crescimento de dois dígitos em todos os segmentos de negócio, a receita líquida mais que dobrou na comparação anual e chegou a R$ 5,92 bilhões. Frente ao primeiro trimestre, a alta foi de 33%.
Lucro Líquido
Pela primeira vez desde o primeiro trimestre de 2018, a fabricante de aeronaves teve lucro líquido ajustado (excluindo impostos diferidos e itens especiais), de R$ 212,8 milhões. A carteira de pedidos, de US$ 15,9 bilhões, voltou aos níveis vistos no primeiro trimestre de 2020, ainda no início da pandemia.
A Embraer também voltou a gerar caixa livre, com R$ 215,7 milhões, frente a uso de caixa de R$ 1,2 bilhão nos três primeiros meses do ano e de R$ 2,5 bilhões no segundo trimestre de 2020.
ESG
Na frente ESG, a companhia quer alcançar a neutralidade em carbono em suas operações até 2040 e utilizar 100% de energia a partir de fontes renováveis até 2030, entre outras metas socioambientais e de governança lançadas na sexta-feira. Em uma das áreas mais sensíveis para atingir os objetivos ambientais, buscará fontes alternativas ao combustível de aviação de origem fóssil.
Segundo o vice-presidente de Engenharia, Tecnologia e Estratégia Corporativa da companhia, Luís Carlos Affonso, eletrificação, combustível sustentável para aviação (SAF, em inglês) e hidrogênio estão no portfólio de pesquisa e desenvolvimento.
“Estamos trabalhando com nossos parceiros para introduzir sistemas de hidrogênio em nossas aeronaves”, disse Affonso.
eVTOL
O veículo elétrico de decolagem e pouso vertical (eVTOL) desenvolvido pela Eve e a versão elétrica do Ipanema, que realizou o primeiro voo há alguns dias, fazem parte da estratégia.
De acordo com o presidente da Embraer, a Eve vai buscar a certificação de seu eVTOL em 2025, possibilitando o início de operação comercial em 2026. O segmento de mobilidade aérea urbana, ressaltou, promete forte potencial de crescimento nos anos à frente.