Há 90 anos, chegava da Alemanha no Brasil o balão dirigível Graf Zeppelin

O primeiro voo do famoso dirigível chamado Graf Zeppelin LZ 127 para o Brasil completa 90 anos em 2020. No dia 22 de maio de 1930, chegou ao céu brasileiro o “balão” em forma de charuto que saiu da Alemanha em 1930, fez uma escala em Recife e pousou no Rio de Janeiro em 25 de maio (veja a galeria de imagens históricas acima).

Segundo os jornais da época, a chegada do Graf Zeppelin na cidade maravilhosa foi um “grande evento”. Pelo céu, a sua passagem era tranquila, silenciosa, mas a multidão que o aguardava lá embaixo, deslumbrada, anunciava: “Olha lá, é o Zé Pelim!”

Um gigante até hoje

Foi uma comoção para os cariocas observarem a passagem da aeronave de 240 metros de comprimento e 30 metros de altura. Ele era muito maior do que qualquer avião daquela época ou da atual. Para efeito de comparação, o KC-390, o maior avião brasileiro fabricado no Brasil, hoje, pela Embraer, tem 35 metros de comprimento e também de envergadura.

O balão de superfície rígida foi construído pela empresa Ferdinand Von Zeppelin e podia voar à velocidade máxima de 110 quilômetros por hora, por mais de 12 mil km, levando 25 passageiros e 40 tripulantes. A estrutura tinha uma carcaça de alumínio, coberta por lona de algodão. Além disso, havia 60 balões inflados com gás hidrogênio.

Na área dos passageiros havia suítes, salas de estar e de jantar. As cabines pareciam dormitórios de navios e ao longo da viagem eram servidos pratos e bebidas sofisticadas, de acordo com os registros históricos.

“Uma mulher amarrou cabos na base de uma palmeira que foi violentamente arrancada da terra, com raiz e tudo, após um solavanco do ‘charuto alemão’ “, Diário de Pernambuco.

A aterrissagem do dirigível era uma tarefa difícil. Foram necessários 150 funcionários. Estes homens não tinham treinamento prévio. A tripulação lançava cordas ao chão, dando início a uma série de amarrações e escaladas nos cabos, o que rendeu aos trabalhadores o apelido de “aranhas”, segundo os jornais da época.

O fim da era dos dirigíveis Zeppelin

Os Zeppellins retornaram ao Brasil muitas vezes. Acabaram tornando tão frequente as atividades no país que foi necessário a construção de um aeroporto no Rio de Janeiro, em 1936, para recebê-los  de forma apropriada e com segurança.

Na época, o jornal o Globo publicou que uma área em Santa Cruz, na Zona Oeste, foi escolhida como terminal para os voos. “O aeródromo Bartolomeu de Gusmão foi inaugurado em dezembro de 1936, com 58 metros de altura, com direito a uma linha de trem para o Centro. Mas o local funcionou por pouco tempo”.

No mesmo ano, o dirigível LZ 120 Hindenburg explodiu de forma misteriosa quando estava perto de atracar em Nova Jersey, nos Estados Unidos. Das 97 pessoas a bordo, 36 morreram, entre passageiros e tripulantes. (veja o vídeo)

A partir do acidente, nenhum dirigível desse porte cruzou os céus por muito tempo. Em 1942, o aeroporto no Rio de Janeiro foi transformado na Base Aérea de Santa Cruz. Ainda hoje umas das mais importantes da Força Aérea Brasileira (FAB). A Torre do Zeppellin, onde o dirigível estacionava em Recife, resiste até hoje, 90 anos após o primeiro voo para o Brasil.

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